A pior violência é o preconceito

No ano passado cheguei ao ponto de ficar com a cabeça e o coração agoniados de tanto ouvir falar em Eliza, e Mércia, e Bruno, e Macarrão, e Bispo, e Coxinha, e Bola, e cachorros comendo gente, e corpos boiando na lagoa; quando eu pensava que as coisas iriam voltar à mesma coisa de sempre, eis que leio em um certo jornal desses da internet a seguinte reportagem: "Usuários do Orkut discriminam vítimas das enchentes no Nordeste". O que se passou foi, um grupo de brancos-loiros-olhos azuis, todos gente fina e educada do sul-sudeste do Brasil, num momento de ócio e reflexão, resolveram criar no Orkut, uma comunidade sutilmente denominada "Eu odeio Nordestino", onde num fórum institulado "Enchentes no nordeste", uma usuária de nome Julia Schemman, foi logo descarregando: "Acho que os cabeçudos vão vir em massa para SP, to muito preocupada com isso", no que foi colaborada por um tal de Thiago Luiz, que escreveu: "Eles vão falar que perderam tudo na terra deles e vão procurar alguma beira de córrego em SP para construir barracos ou virar mendigos no centro da cidade" . Me ajeitei na cadeira, respirei fundo, e continuei lendo, até quando o jornal arrematou a história me informando que ainda teve um elemento de alcunha Thomas Rebel, que vomitou: "Seria bom se todos eles morressem na enchente, afinal nordestino é um animal q não sabe nadar".
Dá pra ter paciência com uma idiotice dessa qualidade? Dá pra acreditar que só é satânico quem tortura, mata e desossa a amante?
Pelo o que é mais sagrado nesse mundinho de meu Deus, quem souber me responda: O que se passa na cabeça desse povo? Será que eles ainda acreditam naquele velho papo nazista, que a cor da pele, ou o lugar onde nasceram os torna melhores? Se alguem poder me responder isso, ficarei muito agradecida, e só assim terei motivos para excluir esse post.

Você só é melhor do que eu, se for melhor do que você.